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segunda-feira, 11 de abril de 2016

Sobre o milagre das pílulas do exercício

De tempos em tempos aparece uma nova promessa de medicamento que substituiria a prática regular de exercícios físicos. Mas você acha que isso é (ou será) possível?


É com certa frequência que surgem notícias bombásticas a respeito da descoberta de uma nova droga capaz de "imitar" a ação do exercício físico sobre o organismo. As chamadas "pílulas do exercício" (ou "miméticos do exercício") vendem muitos jornais e revistas, entusiasmam profissionais da saúde e, por motivos óbvios, causam alívio aos sujeitos sedentários, como se a solução para todos os problemas advindos do estilo de vida inativo pudesse ser comprada na prateleira de uma farmácia.

Sob o ponto de vista da fisiologia, no entanto, há diversas falhas conceituais que arrefecem nossa esperança nas "pílulas do exercício". Em primeiro lugar, os experimentos que apontam ações similares entre substâncias farmacológicas e exercício físico são realizados com cultura de células ou roedores (para um exemplo, ver este artigo). Evidentemente, há um salto muito grande de lógica para se concluir que humanos respondem a determinada intervenção da mesma forma que células isoladas ou animais de diferentes espécies. Em segundo lugar, nós, fisiologistas, esperamos que uma droga taxada como mimética do exercício exerça todas as ações deste. O problema é que nenhuma droga é (e provavelmente jamais será) capaz de promover tantos efeitos abrangentes como o exercício, beneficiando, praticamente, todos os sistemas do organismo. Algumas drogas, quando muito, exercem efeitos específicos que se assemelham à ação do exercício, como melhora na sensibilidade à insulina (a exemplo da metformina) ou no perfil lipídico (a exemplo das estatinas), de modo que não podem ser consideradas, no rigor da palavra, "miméticos" do exercício". Outro ponto que merece destaque diz respeito à segurança das "pílulas do exercício". Para serem consideradas verdadeiros miméticos do exercício, novas drogas precisam ser submetidas a testes clínicos rigorosos que apontem efeitos adversos similares àqueles atribuídos ao próprio exercício físico, os quais são bastante infrequentes (num post futuro, trataremos deste tema). Infelizmente, estudos pré-clínicos têm demonstrado que os "miméticos do exercício" podem apresentar riscos graves à saúde das cobaias testadas, o que indica que a implementação clínica dessas drogas está longe de ocorrer. Por fim, não nos esqueçamos dos custos vultosos associados ao desenvolvimento de medicamentos, que podem alcançar a cifra de USD 1,2 bilhão por nova droga que chega ao mercado. Certamente, tais custos são repassados ao consumidor, o que nos faz duvidar que alguma intervenção farmacológica seja, de fato, capaz de também "imitar" os baixos custos do exercício físico.

Preocupa-me, especialmente, a ilusão propagada pelas "pílulas do exercício" de que a prática de atividade física pode ser meramente substituída por uma ou mais drogas, o que encoraja um estilo de vida mais inativo e, dessa forma, presta um desserviço à saúde pública. Os farmacologistas mais otimistas podem até argumentar que, talvez, um dia, os bisnetos de nossos bisnetos possam desfrutar de uma era na qual fármacos sejam capazes de produzir, por completo, os efeitos do exercício (alguém acredita mesmo que a sensação de prazer e bem-estar proporcionada pelo exercício poderá ser substituída por uma droga?); entretanto, até que esse dia enfim chegue, permanece sendo a prática de atividade física regular a mais efetiva estratégia capaz de prevenir as doenças crônicas que assolam de maneira crescente a população mundial.

O conceito imbuído nas "pílulas do exercício" é realmente tentador; soa como o "caminho-mais-fácil-a-seguir", o "soma" de Audous Huxley (droga capaz de tratar todos os males da humanidade, no clássico "Admirável Mundo Novo"), o verdadeiro milagre criado como uma luva ao homem moderno que não possui mais tempo para o supérfluo, como a atividade física. Infelizmente, para a ciência, milagres não existem...

Prof. Bruno Gualano

Para saber mais do assunto, leia:
Gualano B e Tinucci T. Sedentarismo, exercício físico e doenças crônicas (2011) Revista Brasileira de Educação Física e Esporte. 25: 37-43 (Edição Especial).
Booth FW e Laye MJ. Lack of adequate appreciation of physical exercise’s complexities can pre-empt appropriate design and interpretation in scientific discovery (2009) J Physiol 23: 5527–5540.

domingo, 10 de abril de 2016

Tomar café moderadamente na gravidez não modificaria o CI do bebê

Estudo demonstra que é seguro consumir até duas taças de café por dia durante a gravidez

Pesquisadores do Hospital Nacional de Columbus, em Ohio, realizaram um estudo com a participação de quase 2,200 mulheres nos Estados Unidos para determinar os efeitos que o consumo de cafeína pode ter durante a gravidez sobre o coeficiente intelectual (CI) ou problemas de conduta da criança.
Realizou-se um seguimento da gravidez de mulheres que decidiram ter filhos entre 1959 e 1974, um período no qual o consumo de café durante a gravidez era um hábito comum. Realizou-se uma avaliação das crianças ao cumprir 4 e 7 anos de idade. Os pesquisadores não encontraram evidência de que o consumo de cafeína pudesse estar vinculado ao risco de ter um CI mais baixo ou gerar problemas de conduta nas crianças.
Um estudo anterior demonstrou que o consumo de quantidades maiores de cafeína durante a gravidez não estavam associados ao risco de obesidade em crianças.
O Dr. Mark Klebanoff, autor do estudo, comentou sobre os resultados de sua pesquisa: “Tomados em conjunto, acreditamos que nossos resultados são tranquilizadores para as mulheres grávidas que consomem quantidades moderadas de cafeína, o equivalente a uma o duas xícaras de café por dia”.
A pesquisa foi publicada em 18 de novembro de 2015 na revista American Journal of Epidemiology.


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