Autores do relato: Claudia Nery Teixeira Palombo; Mércia da Silva; Elizabeth Fujimori; Luciane Simões Duarte; Áurea Tamami Minagawa Toriyama.
Local da experiência: São Paulo
Local de implementação: Unidade Básica de Saúde da Família
Qual o público alvo? Crianças menores de 5 anos
Qual foi a experiência desenvolvida?
Em 2005, após uma reestruturação no território de abrangência da Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF Vl) . Cosmopolita, localizada na zona leste de São Paulo, realizamos um diagnóstico de saúde da população para estabelecer um planejamento adequado às necessidades locais. Para isso, entre outras atividades, mutirões para avaliação do crescimento das crianças menores de 5 anos foram realizados em cada microárea. Surpreendentemente, quase 30% das crianças apresentaram algum risco para desnutrição ou baixo peso para idade naquela época. Problemas adjacentes foram identificados, como a subnotificação da desnutrição no SIAB, por déficit de conhecimento da equipe quanto ao preenchimento e leitura das curvas de crescimento das crianças e, a grande dificuldade de acesso das famílias à alimentação, uma vez que a UBSF estava localizada em uma região de alta exclusão social de São Paulo.
Como a experiência foi desenvolvida?
Diante desse diagnóstico, realizamos o seguinte plano de ação: Capacitação dos agentes comunitários de saúde (ACS) quanto ao acompanhamento do crescimento das crianças; Articulação com lideranças locais para garantir a inclusão das famílias em programas de distribuição de alimentos; e, formação do Grupo de Acompanhamento e Orientação Nutricional (GRAON).
A capacitação dos ACS envolveu os aspectos do crescimento e desenvolvimento das crianças, o preenchimento e a leitura das curvas de crescimento e conteúdos relativos aos cuidados com a alimentação, seguindo os 10 passos para uma alimentação saudável do Ministério da Saúde.
Posteriormente, procuramos associações de bairro e lideranças locais para encaminhar as famílias com maior risco de segurança alimentar. Na época, uma associação de bairro, que mantinha convênio com uma grande distribuidora de hortifruti de São Paulo, conseguia trazer frutas, verduras e legumes a preços simbólicos para a comunidade e ajudou muito nesse processo. Também conseguimos encaminhar famílias para locais que distribuíam cestas básicas e leite.
O GRAON incluía o acompanhamento das crianças em risco nutricional para desnutrição ou desnutridas por meio das visitas domiciliárias, consultas médicas e de enfermagem e reuniões mensais com mães e crianças. Todo o acompanhamento era sistematizado e registrado em planilhas e nos prontuários das famílias. As crianças inicialmente passavam por avaliação médica e posteriormente os agendamentos dependiam de cada caso. Além das visitas domiciliárias dos ACS, os auxiliares de enfermagem também realizavam visitas mensais a essas famílias com o objetivo de fortalecer as orientações e manter o vínculo das famílias com o grupo.
As reuniões com as mães eram realizadas mensalmente pela enfermeira. Além de orientações gerais sobre como alimentar as crianças, “oficinas de manipulação dos alimentos” aconteciam em todas as reuniões, estimulando a participação das crianças no preparo da própria refeição. As mães recebiam um caderninho com as receitas e com o acompanhamento do crescimento da criança.
Com o passar dos anos, sentimos a necessidade de incluir no grupo também crianças com outros distúrbios nutricionais, como crianças com excesso de peso e obesidade, anemia e mães com dificuldades para alimentar seus filhos. Assim, o grupo foi mudando de acordo com o perfil epidemiológico da região que, também seguia uma tendência nacional de transição nutricional da população.
Que desafios foram encontrados para o desenvolvimento da experiência?
O nosso maior desafio, realmente foi lidar com as dificuldades socioeconômicas das famílias, principalmente com a falta de segurança alimentar. Para isso, contamos com a ajuda de associações de bairro, instituições locais de caridade e lideranças da comunidade.
O que esta experiência trouxe de novo?
O GRAON testemunhou a transição nutricional da desnutrição para a obesidade e precisou se ajustar a essa nova realidade. Não que a desnutrição tenha sido erradicada, mas consideramos que a intervenção obteve sucesso contribuindo para redução significativa da sua prevalência. Quanto a obesidade precisamos considerar outros determinantes que estão sendo acessados com a comunidade.
Nessa experiência, destacam-se as oficinas de manipulação de alimentos, que além de tratar da promoção da alimentação saudável, também tornaram-se espaços de escuta e apoio mútuo sobre as questões ainda mais complexas como maternagem, violência doméstica, desemprego e pobreza. Desta forma, metodologias participativas e o acolhimento das mães nos serviços devem ser priorizados como forma de promoção da saúde.
Este relato também está disponível em http://adf.ly/1cbDp7
Essa experiência foi apresentada na IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família, evento realizado em 2014, cujo objetivo é valorizar as experiências cotidianas e estimular o protagonismo local dos milhares de trabalhadores, gestores e usuários da Atenção Básica do Brasil.
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