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terça-feira, 18 de agosto de 2015

PERFIL DE PARTICIPANTES DO GRUPO DE OSTOMIZADOS DA POLICLÍNICA MUNICIPAL DE CAMPINAS, SÃO JOSÉ, SC

PERFIL DE PARTICIPANTES DO GRUPO DE OSTOMIZADOS DA POLICLÍNICA MUNICIPAL DE CAMPINAS, SÃO JOSÉ, SC


Michelle da Gama Cunha de Souza [1]
Tuani Erina Martins Varella [2]
Daniele da Silva Hermes [3]

RESUMO


Introdução: Uma ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na extração de uma porção do tubo digestivo. Os pacientes ostomizados, na tentativa de solucionar o seu problema de controle intestinal, muitas vezes acabam realizando alternativas impróprias, podendo ocasionar outros problemas graves, como exemplo a desnutrição. As práticas alimentares podem provocar repercussões bastante significativas, podendo influenciar de forma positiva ou negativa no processo de adaptação à sua nova condição de vida. Objetivo: O objetivo do estudo foi identificar o perfil de pacientes ostomizados da Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC. Método: Foi realizada uma coleta de dados, através da aplicação de um questionário contendo 17 questões de múltiplas escolhas, com 16 pacientes ostomizados. O questionário foi elaborado especialmente para o estudo, composto por questões objetivas. Os dados foram analisados no programa Excel® 2007. Resultados e discussão: Observou-se idade média de 53 ± 17 anos, sendo que 62% da amostra era do sexo feminino. A ileostomia constituiu-se na grande maioria das intervenções cirúrgicas (50% dos casos), 69% dos pacientes eram portadores de estomas permanentes, verificou-se que 56% dos pacientes não receberam orientações nutricionais após a cirurgia, entretanto 87% dos pacientes reconheceram a importância de um acompanhamento nutricional. Conclusão: Nota-se o quanto é válido e importante a continuidade nas pesquisas que promovam melhora na qualidade de vida desses pacientes. Os resultados sugerem a necessidade de realizar orientação nutricional, com o objetivo de auxiliar os pacientes em relação à mudança nos hábitos alimentares.

Palavras - chaves: Ostomizados, Práticas Alimentares, Ileostomia, Hábitos Alimentares.  

INTRODUÇÃO


Os vocábulos ostomia, ostoma, estoma ou estomia possuem origem grega, a partir do termo “ostomia”, e exprimem o significado de boca ou abertura, indicando a exteriorização de qualquer víscera oca do corpo (GEMELLI, 2002).
Uma ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na extração de uma porção do tubo digestivo, neste caso do intestino, e na abertura de um orifício externo, que se designa por estoma. A finalidade deste é o desvio do trânsito intestinal para o exterior (SILVA, et al., 2008).
Em relação aos estomas intestinais, as causas que condicionam à necessidade de realização do mesmo são diversas e incluem as neoplasias, distúrbios congênitos, traumas, doenças inflamatórias intestinais, entre outras. As mais frequentes causas da estomia definitiva são o câncer colorretal, a doença inflamatória intestinal e a polipose adenomatosa familiar (GAMA, 2005; SILVA, 2006).
O câncer colorretal abrange tumores que atingem o cólon (intestino grosso) e o reto. Tanto homens como mulheres são igualmente afetados, sendo uma doença tratável e frequentemente curável quando localizada no intestino (sem extensão para outros órgãos) (ATTOLINI; GALLO, 2010).
A doença inflamatória intestinal é uma denominação genérica que engloba várias entidades patológicas, sendo as mais comuns: retocolite ulcerativa inespecífica e doença de Crohn, que acometem o trato gastrointestinal e são comumente associadas à desnutrição protéico-energética (BURGOS et al., 2008). 
A polipose adenomatosa familiar é uma doença autossômica dominante caracterizada pelo desenvolvimento de numerosos pólipos adenomatosos e um grande risco para o surgimento de tumores coloretais (CAVALHEIRO et al., 2002). 
 Uma ostomia pode ser um sério limitador da qualidade de vida. Os pacientes ostomizados enfrentam dificuldades, tanto físicas quanto psicológicas. Há questões psicossociais envolvidas na dinâmica desses pacientes, como a perda da integridade corporal, a violação involuntária das regras de higiene e a perda da função reguladora do esfíncter anal. A condição de ostomizado implica em mudanças no estilo de vida, daí a importância do processo de implementação do controle de suas funções intestinais, visando restituir-lhe as atividades de convívio social e melhorar sua qualidade de vida (BECHARA et al., 2005).  
Os pacientes ostomizados na tentativa de solucionar o seu problema, o controle intestinal, muitas vezes acabam realizando alternativas impróprias, como jejum prolongado, exclusão de alimentos e diminuição no volume das refeições, podendo ocasionar outros problemas graves, como exemplo a desnutrição (BECHARA et al., 2005). 
As manifestações psicossomáticas de não aceitação dos alimentos são numerosas, podendo causar erros alimentares e simbolismos. A prática de seleção dos alimentos, baseada nas crenças populares, pode desencadear um desequilíbrio nutricional tendo como consequência o não funcionamento normal do corpo humano (BEYER, 2010). 
As práticas alimentares podem provocar repercussões bastante significativas, podendo influenciar de forma positiva ou negativa no processo de adaptação à sua nova condição de vida. O controle das funções intestinais pode contribuir para melhora da qualidade de vida do ostomizado que passa a
adquirir certos hábitos para sanar ou amenizar os problemas desagradáveis decorrentes de sua nova condição, como diarréia, constipação, odor e flatulência. No entanto, podem causar benefícios e malefícios à saúde das pessoas, de acordo com o tipo, ocasião e frequência em que são utilizados os alimentos (SILVA, et al., 2008). 
De acordo com o exposto, o objetivo do estudo foi identificar o perfil de pacientes ostomizados da Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC, os hábitos alimentares adotados após a cirurgia, investigar a influência desses hábitos na vida do paciente, podendo oferecer uma contribuição para futuros estudos e consequentemente melhoria nas condições de vida dos indivíduos ostomizados.

MÉTODO


O estudo contou com 16 participantes de ambos os sexos, vinculados ao núcleo de ostomizados da Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC e foi realizado em setembro de 2011, durante a reunião promovida pelo Núcleo de Ostomizados. Foram considerados critérios de inclusão: ser portador de estoma intestinal (ileostomia ou colostomia), ter idade igual ou superior a 18 anos, possuir capacidade de compreensão e verbalização adequadas para responder o questionário e aceitar participar do estudo, sob assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário contendo 17 questões objetivas, podendo o entrevistado escolher mais de uma alternativa como resposta. O grupo recebeu orientações antes da entrega do questionário, para garantir que não fossem influenciados em suas respostas.  
O questionário foi elaborado especialmente para o estudo, composto por questões objetivas, conforme apêndice A. As questões focalizaram no tempo de uso da bolsa, tipo de estoma, causa do estoma, se é reversível ou permanente, se recebeu orientação nutricional, dificuldades com a utilização da bolsa, dificuldade na alimentação após a cirurgia, mudanças no hábito alimentar após realização do estoma, como é realizado o controle das funções intestinais e se acham importante o acompanhamento nutricional após a cirurgia.
Os dados coletados foram tabulados em planilha Excel® 2007 e analisados através de gráficos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO


O questionário foi aplicado a 16 integrantes do núcleo de ostomizados da Policlínica Municipal de Campinas, São José, sendo 62% do sexo feminino, O predomínio do sexo feminino não coincide com achados de Luz e colaboradores (2009), que avaliaram pacientes submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI.
A idade variou de 30 a 78 anos, com média de 53 ± 17 anos. Em relação ao estado civil 75% (n=12) eram casados, 12,5% (n=2) solteiros, 6,25% (n=1) viúvos e 6,25% (n=1) divorciados. A análise desse dado faz-se importante porque a situação conjugal do ostomizado e sua vida sexual está diretamente relacionada aos problemas resultantes da ostomia, segundo Luz et al. (2009).
 Em relação à localização do estoma, 50% (n=8) dos participantes apresentava ileostomia, 44% (n=7) colostomia e 6% (n=1) não souberam informar o local da intervenção cirúrgica.  

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