PERFIL DE PARTICIPANTES DO GRUPO DE OSTOMIZADOS DA
POLICLÍNICA MUNICIPAL DE CAMPINAS, SÃO JOSÉ, SC
Michelle da Gama Cunha de Souza [1]
Tuani
Erina Martins Varella [2]
Daniele
da Silva Hermes [3]
RESUMO
Introdução: Uma
ostomia é um procedimento cirúrgico que consiste na extração de uma porção do
tubo digestivo. Os pacientes ostomizados, na tentativa de solucionar o seu
problema de controle intestinal, muitas vezes acabam realizando alternativas
impróprias, podendo ocasionar outros problemas graves, como exemplo a
desnutrição. As práticas alimentares podem provocar repercussões bastante
significativas, podendo influenciar de forma positiva ou negativa no processo
de adaptação à sua nova condição de vida. Objetivo:
O objetivo do estudo foi identificar o perfil de pacientes ostomizados da
Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC. Método: Foi realizada uma coleta de dados, através da aplicação de
um questionário contendo 17 questões de múltiplas escolhas, com 16 pacientes
ostomizados. O questionário foi elaborado especialmente para o estudo, composto
por questões objetivas. Os dados foram analisados no programa Excel®
2007. Resultados e discussão:
Observou-se idade média de 53 ± 17 anos, sendo que 62% da amostra era do sexo
feminino. A ileostomia constituiu-se na grande maioria das intervenções
cirúrgicas (50% dos casos), 69% dos pacientes eram portadores de estomas
permanentes, verificou-se que 56% dos pacientes não receberam orientações
nutricionais após a cirurgia, entretanto 87% dos pacientes reconheceram a
importância de um acompanhamento nutricional. Conclusão: Nota-se o quanto é válido e importante a continuidade
nas pesquisas que promovam melhora na qualidade de vida desses pacientes. Os
resultados sugerem a necessidade de realizar orientação nutricional, com o
objetivo de auxiliar os pacientes em relação à mudança nos hábitos alimentares.
Palavras - chaves: Ostomizados,
Práticas Alimentares, Ileostomia, Hábitos Alimentares.
INTRODUÇÃO
Os vocábulos ostomia,
ostoma, estoma ou estomia possuem origem grega, a partir do termo “ostomia”, e
exprimem o significado de boca ou abertura, indicando a exteriorização de
qualquer víscera oca do corpo (GEMELLI, 2002).
Uma ostomia é um
procedimento cirúrgico que consiste na extração de uma porção do tubo
digestivo, neste caso do intestino, e na abertura de um orifício externo, que
se designa por estoma. A finalidade deste é o desvio do trânsito intestinal
para o exterior (SILVA, et al., 2008).
Em relação aos estomas
intestinais, as causas que condicionam à necessidade de realização do mesmo são
diversas e incluem as neoplasias, distúrbios congênitos, traumas, doenças
inflamatórias intestinais, entre outras. As mais frequentes causas da estomia
definitiva são o câncer colorretal, a doença inflamatória intestinal e a
polipose adenomatosa familiar (GAMA, 2005; SILVA, 2006).
O câncer colorretal
abrange tumores que atingem o cólon (intestino grosso) e o reto. Tanto homens
como mulheres são igualmente afetados, sendo uma doença tratável e
frequentemente curável quando localizada no intestino (sem extensão para outros
órgãos) (ATTOLINI; GALLO, 2010).
A doença inflamatória
intestinal é uma denominação genérica que engloba várias entidades patológicas,
sendo as mais comuns: retocolite ulcerativa inespecífica e doença de Crohn, que
acometem o trato gastrointestinal e são comumente associadas à desnutrição
protéico-energética (BURGOS et al., 2008).
A polipose adenomatosa
familiar é uma doença autossômica dominante caracterizada pelo desenvolvimento
de numerosos pólipos adenomatosos e um grande risco para o surgimento de
tumores coloretais (CAVALHEIRO et al., 2002).
Uma ostomia pode ser um sério limitador da
qualidade de vida. Os pacientes ostomizados enfrentam dificuldades, tanto
físicas quanto psicológicas. Há questões psicossociais envolvidas na dinâmica
desses pacientes, como a perda da integridade corporal, a violação involuntária
das regras de higiene e a perda da função reguladora do esfíncter anal. A condição
de ostomizado implica em mudanças no estilo de vida, daí a importância do
processo de implementação do controle de suas funções intestinais, visando
restituir-lhe as atividades de convívio social e melhorar sua qualidade de vida
(BECHARA et al., 2005).
Os pacientes
ostomizados na tentativa de solucionar o seu problema, o controle intestinal,
muitas vezes acabam realizando alternativas impróprias, como jejum prolongado,
exclusão de alimentos e diminuição no volume das refeições, podendo ocasionar outros
problemas graves, como exemplo a desnutrição (BECHARA et al., 2005).
As manifestações
psicossomáticas de não aceitação dos alimentos são numerosas, podendo causar
erros alimentares e simbolismos. A prática de seleção dos alimentos, baseada
nas crenças populares, pode desencadear um desequilíbrio nutricional tendo como
consequência o não funcionamento normal do corpo humano (BEYER, 2010).
As práticas
alimentares podem provocar repercussões bastante significativas, podendo
influenciar de forma positiva ou negativa no processo de adaptação à sua nova
condição de vida. O controle das funções intestinais pode contribuir para
melhora da qualidade de vida do ostomizado que passa a
adquirir certos
hábitos para sanar ou amenizar os problemas desagradáveis decorrentes de sua
nova condição, como diarréia, constipação, odor e flatulência. No entanto,
podem causar benefícios e malefícios à saúde das pessoas, de acordo com o tipo,
ocasião e frequência em que são utilizados os alimentos (SILVA, et al., 2008).
De acordo com o
exposto, o objetivo do estudo foi identificar o perfil de pacientes ostomizados
da Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC, os hábitos alimentares
adotados após a cirurgia, investigar a influência desses hábitos na vida do
paciente, podendo oferecer uma contribuição para futuros estudos e
consequentemente melhoria nas condições de vida dos indivíduos ostomizados.
MÉTODO
O estudo contou com 16
participantes de ambos os sexos, vinculados ao núcleo de ostomizados da
Policlínica Municipal de Campinas, São José, SC e foi realizado em setembro de
2011, durante a reunião promovida pelo Núcleo de Ostomizados. Foram
considerados critérios de inclusão: ser portador de estoma intestinal
(ileostomia ou colostomia), ter idade igual ou superior a 18 anos, possuir
capacidade de compreensão e verbalização adequadas para responder o
questionário e aceitar participar do estudo, sob assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
A coleta de dados foi
realizada através da aplicação de um questionário contendo 17 questões
objetivas, podendo o entrevistado escolher mais de uma alternativa como
resposta. O grupo recebeu orientações antes da entrega do questionário, para
garantir que não fossem influenciados em suas respostas.
O questionário foi
elaborado especialmente para o estudo, composto por questões objetivas,
conforme apêndice A. As questões focalizaram no tempo de uso da bolsa, tipo de
estoma, causa do estoma, se é reversível ou permanente, se recebeu orientação
nutricional, dificuldades com a utilização da bolsa, dificuldade na alimentação
após a cirurgia, mudanças no hábito alimentar após realização do estoma, como é
realizado o controle das funções intestinais e se acham importante o
acompanhamento nutricional após a cirurgia.
Os dados coletados
foram tabulados em planilha Excel® 2007 e analisados através de
gráficos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O questionário foi
aplicado a 16 integrantes do núcleo de ostomizados da Policlínica Municipal de
Campinas, São José, sendo 62% do sexo feminino, O predomínio do sexo feminino
não coincide com achados de Luz e colaboradores (2009), que avaliaram pacientes
submetidos a estomas intestinais em um hospital público de Teresina-PI.
A idade variou de 30 a
78 anos, com média de 53 ± 17 anos. Em relação ao estado civil 75% (n=12) eram
casados, 12,5% (n=2) solteiros, 6,25% (n=1) viúvos e 6,25% (n=1) divorciados. A
análise desse dado faz-se importante porque a situação conjugal do ostomizado e
sua vida sexual está diretamente relacionada aos problemas resultantes da
ostomia, segundo Luz et al. (2009).
Em relação à localização do estoma, 50% (n=8)
dos participantes apresentava ileostomia, 44% (n=7) colostomia e 6% (n=1) não
souberam informar o local da intervenção cirúrgica.
Acadêmica
da 6 fase de Nutrição na Estácio de Sá, SC, Email: midsouza@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário